Os Segredos da Arte de Contar Histórias para Crianças - VOLUME 2
- Educol - brinquedos educativos
- 19 de abr.
- 6 min de leitura
Atualizado: 21 de abr.
Bem-vindo de volta ao livro "Os Segredos da Arte de Contar Histórias para Crianças". Se você ainda não leu o primeiro volume, recomendamos começar por ele:👉 Clique aqui para ler o Volume 1
No volume anterior, Davi aprendeu as primeiras chaves:
Resumo do Volume 1:
Capítulo 1: O início de uma jornada.
Capítulo 2: Como cativar o público.
Capítulo 3: A magia do suspense.
Agora, prepare-se para mergulhar mais fundo: a voz, as imagens na mente, o silêncio que fala.
📖 Capítulo 4 – A Porta que se Abre com a Voz

Davi sentou-se sobre uma almofada macia feita de folhas encantadas, bem em frente ao mestre Barthônius. As chamas da lareira dançavam ao fundo, projetando sombras curiosas pelas paredes da cabana.
— Davi — disse Barthônius, com um sorriso no canto da boca —, você sabe qual é a chave mais poderosa para abrir o coração de uma criança durante uma história?
O garoto pensou por um instante. Talvez fosse a fantasia... ou as aventuras... ou os personagens engraçados.
— As palavras certas? — arriscou.
Barthônius balançou a cabeça lentamente e apontou para a própria garganta.
— A voz.
Ele então se levantou e caminhou até um baú antigo, de onde tirou um pequeno sino, uma flauta de madeira e uma concha marinha.
— Esses objetos fazem sons diferentes. Assim também deve ser a sua voz. Ela precisa tocar o ouvido como o sino, embalar como a flauta e, às vezes, ecoar como a concha.
Barthônius então começou a contar uma história curta, apenas para demonstrar. Ele mudou o tom da voz ao interpretar uma bruxa, suavizou quando uma fada apareceu e fez longas pausas nos momentos de tensão. Davi estava completamente hipnotizado.
“A voz não conta apenas histórias — ela as faz viver dentro de quem escuta.”
— Entendeu agora? — perguntou Barthônius, após o fim do conto.
— Eu... senti cada pedaço da história — respondeu Davi, maravilhado.
— Pois é isso que queremos. Quando usamos a voz com intenção, a história não é apenas ouvida. Ela é sentida. E quando é sentida... ela mora no coração da criança.
Davi passou o resto do dia praticando. Ele testou vozes graves, agudas, sussurros e gargalhadas. À noite, contou sua primeira história usando tudo o que aprendeu. E Barthônius, com os olhos brilhando de orgulho, disse:
— A porta se abriu, pequeno contador. Continue praticando, pois a voz é viva... e, nas mãos certas, ela faz mágica.
🌟 Lição do Capítulo 4:
A voz do contador é um instrumento mágico. Ao variar o tom, o ritmo e as pausas, podemos transformar uma simples narrativa em uma experiência encantadora. Treinar a voz é essencial para cativar as crianças.
📖 Capítulo 5 – O Poder das Imagens na Mente

Davi estava sentado à mesa, rodeado por pergaminhos e livros, quando Barthônius entrou com uma expressão pensativa. Ele se aproximou e, com um olhar misterioso, disse:
— Vamos continuar nossa jornada, Davi. O próximo passo é aprender a criar imagens. Não aquelas que você vê com os olhos, mas aquelas que surgem quando você fecha os olhos e imagina. Você sabia que, com as palavras, podemos pintar paisagens, personagens e cenários nas mentes das crianças?
Davi ficou curioso. Ele sempre achou que as imagens eram feitas com tinta e pincéis, mas agora parecia que havia algo mais em jogo.
Barthônius pegou um pedaço de papel e, com uma pena e tinta, escreveu uma simples frase:
— "O sol se pôs e a lua apareceu, como uma prata brilhante no céu escuro."
Ele olhou para Davi e disse:
— Isso não é uma descrição qualquer. Veja o que aconteceu: quando eu falei "como uma prata brilhante", não falei de uma lua, mas de algo que brilha, que é precioso, que reflete luz. Você pode ver isso, não pode?
Davi assentiu com entusiasmo. A imagem da lua como uma prata brilhante estava clara em sua mente.
Barthônius continuou:
— Agora imagine que estamos em uma floresta escura. Eu poderia simplesmente dizer que "estamos na floresta", mas, se eu usar algo como: "As árvores pareciam gigantes de sombras, com suas raízes espalhadas como dedos do chão", as imagens ganham vida. Cada palavra que você escolhe pode criar um cenário rico e profundo.
Davi fechou os olhos e tentou visualizar. Ele imaginou a floresta, as árvores sombrias e as raízes como dedos, e sorriu, sentindo a magia das palavras.
— Então, você está dizendo que contar histórias é como pintar com palavras? — perguntou Davi.
Barthônius sorriu, orgulhoso da compreensão do jovem.
“As palavras certas não dizem — elas desenham.”
— Exatamente. O segredo está em escolher palavras que pintem imagens vívidas na mente de quem ouve. E lembre-se: quanto mais detalhadas, mais reais essas imagens se tornam.
Barthônius fez uma pausa e pegou uma pequena caixa de pedras brilhantes. Ele a abriu lentamente, revelando pedras de diferentes tamanhos e cores.
— Cada palavra que você escolher para a história é como uma pedra dessa caixa. Algumas palavras são pequenas, outras grandes, mas todas juntas ajudam a formar uma imagem completa, uma paisagem de imaginação. Assim como essas pedras se encaixam para formar um desenho, suas palavras precisam se encaixar para criar o quadro perfeito.
Davi, com os olhos brilhando de entendimento, começou a experimentar. Ele pegou o papel e escreveu, tentando criar imagens que fizessem sua história saltar da página.
No final do dia, ele contou a história que havia criado, cheia de metáforas e descrições detalhadas. As imagens que surgiram na mente de quem ouviu a história eram tão nítidas que parecia que estavam vendo tudo ao seu redor.
Barthônius, com uma expressão serena, disse:
— Você está no caminho certo, Davi. Cada história tem seu próprio mundo, e o contador de histórias é aquele que sabe como abrir a porta para que todos possam entrar.
🌟 Lição do Capítulo 5:
As palavras têm o poder de criar imagens mentais. Ao usar descrições vívidas e comparações, podemos construir mundos dentro da mente das crianças. Treinar essa habilidade ajuda a tornar as histórias mais envolventes e memoráveis.
📖 Capítulo 6 – O Silêncio que Fala

Naquela manhã, o vento soprava de forma diferente. Ele vinha carregado de uma quietude profunda, como se a floresta quisesse dizer algo... sem usar palavras.
Davi caminhava ao lado de Barthônius por uma trilha estreita, coberta de folhas secas. Nenhum dos dois dizia nada. Apenas o som dos passos e o sussurro das árvores os acompanhavam. O silêncio entre eles, no entanto, não era vazio — era cheio de significados que ainda escapavam à compreensão do garoto.
Depois de um tempo, Barthônius parou diante de uma grande pedra coberta de musgo e disse:
— Davi, você já percebeu que, às vezes, o momento mais poderoso de uma história... é aquele em que não se diz nada?
Davi o olhou, confuso. Como algo sem palavras poderia ser parte de uma história?
— O silêncio — explicou o mestre — é como uma pausa entre duas batidas do coração. Ele não é ausência. É presença pura. Ele faz o ouvinte prender o fôlego, imaginar, esperar. Quando usado com intenção, o silêncio fala mais alto que qualquer palavra.
Barthônius pegou um pedaço de galho seco e desenhou no chão uma linha pontilhada.
— Veja, isso aqui é a narrativa. Os pontos são palavras. Mas o espaço entre eles... é o que cria o ritmo. Sem espaço, tudo vira um bloco. Com espaço, há música.
Davi começou a lembrar de histórias que ouvira quando era pequeno. Algumas o faziam rir, outras chorar... mas sempre havia aquele momento de silêncio antes de algo mágico acontecer. Um olhar entre dois personagens. Um sussurro seguido de pausa. O instante antes da revelação. Era isso! O silêncio era a respiração da história.
— Mas... como sei quando usar o silêncio? — perguntou.
“O silêncio não é pausa — é presença. Quando bem usado, ele fala direto ao coração.”
— Escute a história — respondeu Barthônius. — Ela mesma vai te dizer. Quando sentir que o momento pede mistério, emoção ou reflexão... pare. Espere. E deixe que o silêncio faça seu trabalho.
Eles continuaram andando, e Barthônius começou a contar uma história ali mesmo, entre uma árvore e outra. E no meio da narrativa... ele parou. Olhou para Davi. Esperou. Os segundos pareceram longos como minutos.
O coração de Davi acelerou. Ele queria saber o que aconteceria. Estava preso ao momento.
— Viu? — disse Barthônius, retomando a fala com um leve sorriso. — Você entrou completamente na história. E tudo o que eu fiz... foi me calar.
Naquela noite, ao praticar mais uma vez, Davi começou a experimentar pausas. Descobriu que elas davam espaço para o olhar das crianças, para a imaginação florescer, para o encantamento crescer. Descobriu que o silêncio, bem usado, era um convite para o coração escutar.
E assim, mais uma chave mágica lhe foi entregue. Uma chave que, curiosamente, não fazia som algum.
🌟 Lição do Capítulo 6:
O silêncio, quando usado com intenção, é uma poderosa ferramenta na arte de contar histórias. Ele cria suspense, destaca momentos importantes e dá espaço para a imaginação do ouvinte. Pausar no tempo certo é tão essencial quanto saber o que dizer.
Barthônius continua revelando os segredos da arte de contar histórias, e Davi está cada vez mais próximo da sabedoria final.
No próximo livro, ele descobrirá os ensinamentos mais profundos — e aprenderá a contar histórias com o coração.
Kommentare