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Os Segredos da Arte de Contar Histórias para Crianças - VOLUME 3

  • Educol - brinquedos educativos
  • 19 de abr.
  • 9 min de leitura

Atualizado: 21 de abr.

Introdução

Chegamos ao terceiro volume do livro "Os Segredos da Arte de Contar Histórias para Crianças".

Se você ainda não leu os dois primeiros volumes, comece por aqui:

Resumo dos livros anteriores:

Volume 1 – A Jornada Começa: O início da jornada, como cativar o público, a magia do suspense.

Volume 2 – O Corpo, o Tempo e a Escolha: A voz, o poder das imagens na mente, o silêncio que fala.


Agora, Davi se aproxima da chave mais valiosa: contar com o coração. E ao final, você encontrará um resumo completo dos três livros em forma de tabela.



📖 Capítulo 7 – O Corpo Fala


Uma sala da cabana rústica, iluminada à luz de vela.

A sala estava iluminada por velas, e ao centro havia um espelho antigo, com moldura dourada e desgastada. Davi nunca o tinha visto antes no salão de estudos. Barthônius, de pé ao lado do espelho, o chamou com um gesto:

— Venha, Davi. Hoje vamos falar sobre algo que não se fala. Algo que se mostra.

Davi se aproximou curioso, observando seu próprio reflexo. Estava um pouco mais confiante do que no início da jornada, mas ainda assim sentia-se pequeno diante do mestre.

Barthônius olhou-o nos olhos, depois caminhou até o outro lado da sala sem dizer uma palavra. Parou, olhou de novo e, sem mover os lábios, ergueu apenas uma sobrancelha. Davi deu um passo para trás, surpreso. Era como se o mestre tivesse dito: “Preste atenção.”

— O que eu disse agora? — perguntou Barthônius.

— Você... você me chamou a atenção, mas... não falou nada!

O mestre sorriu.

— Exato. O corpo fala, Davi. E o contador de histórias que ignora isso está desperdiçando metade de sua magia.

“O corpo é o espelho da alma da história — quando ele fala, a imaginação escuta.”

Ele se aproximou novamente e continuou:

— O olhar, os gestos, as mãos, o modo como você se move... tudo isso carrega significado. Às vezes, um simples inclinar de cabeça pode dizer: "vem comigo". Uma mão no peito transmite verdade. Um olhar fixo pode criar suspense.

Barthônius fez uma pausa, e então encenou uma pequena parte de uma história, usando apenas expressões faciais e movimentos. Ele não disse uma única palavra, mas Davi compreendeu tudo: havia um personagem assustado, depois outro muito valente, e um terceiro, divertido e bobo. Era como mágica.

— Mas e se eu errar? E se fizer um gesto exagerado? — perguntou Davi.

— Então você aprenderá. A criança não espera perfeição. Ela espera verdade. Se o seu corpo diz a verdade da história, ela ouvirá. E mais: ela verá. Contar histórias é também atuar, sem ser ator. É ser autêntico. É dar forma ao invisível com o corpo.

Naquela noite, Davi ficou em frente ao espelho por longos minutos, praticando olhares de surpresa, tristeza, alegria, medo... e riu de si mesmo quando se atrapalhou. Barthônius, observando ao longe, apenas disse:

— Continue. O corpo é como uma língua nova. E você está aprendendo a falar com ele.

Davi, então, descobriu mais uma chave — e esta não estava em nenhuma página escrita, mas no reflexo do espelho e no movimento dos seus próprios olhos.


🌟 Lição do Capítulo 7:

O corpo é uma linguagem silenciosa que transmite emoções, intenções e atmosferas. O contador de histórias deve usar o olhar, os gestos e a postura para dar vida à narrativa. Contar é também mostrar.


📖 Capítulo 8 – O Tempo da Criança


Caminho entre um campo florido

O céu estava limpo, e o calor do dia dava lugar a uma brisa suave. Davi e Barthônius estavam caminhando por uma trilha que levava a um campo de flores silvestres. O mestre parecia mais pensativo do que nunca.

— Davi, já percebeu como as crianças têm o tempo delas? — perguntou Barthônius, olhando as flores ao redor.

Davi, pensativo, não sabia exatamente o que o mestre queria dizer.

— O tempo delas é diferente. Elas não têm pressa. Quando você conta uma história, o ritmo precisa acompanhar esse tempo. O contador de histórias deve ser como o vento: suave e lento, ou forte e rápido, conforme a criança, conforme a história.

Barthônius parou e se agachou perto de uma flor. Ele ficou lá, por alguns segundos, observando-a.

— Não se apresse — ele disse. — A criança precisa de tempo para absorver o que está sendo contado. Um momento de suspense, uma emoção que demora a se formar... tudo isso pede calma. A pressa só apaga a magia.

“Quem conta para crianças deve saber: não é o relógio que dita o tempo, é o coração de quem escuta.”

Quem conta para crianças deve saber: não é o relógio que dita o tempo, é o coração de quem escuta.

Davi começou a entender. Lembrou das histórias que ouvira quando era pequeno, aquelas que demoravam um pouco mais para chegar ao final, mas que mantinham todos atentos, suspensos em cada palavra.

— Então, não é só a história que importa, mas como eu a conto, no ritmo certo? — perguntou Davi.

— Exatamente. Cada faixa etária tem seu próprio tempo. Para uma criança pequena, o conto deve ser mais breve, com pausas que permitam que ela assimile a história. Para uma criança mais velha, o tempo pode ser mais longo, mas sempre respeitando seu ritmo. Um bom contador sente isso e se adapta.

Davi sorriu. Ele sabia que agora tinha mais uma chave em suas mãos — o tempo.


🌟 Lição do Capítulo 8:

Cada idade tem um ritmo único. O contador de histórias deve adaptar seu tempo e ritmo à faixa etária, sabendo quando acelerar e quando desacelerar, respeitando a capacidade de atenção e a absorção da criança.



📖 Capítulo 9 – A Escolha da História Certa


Estante cheia de livros

No dia seguinte, Barthônius levou Davi até uma grande estante repleta de livros. Alguns estavam antigos, outros bem novos, e muitos deles tinham capas coloridas e ilustrações vívidas.

— Aqui está o maior desafio, Davi — disse Barthônius. — A história certa pode ser encontrada em muitos lugares, mas a verdadeira arte está em escolher aquela que fala ao coração da criança.

Davi olhou os livros com um olhar atento, mas não entendia completamente o que Barthônius queria dizer.

— Não se trata apenas de saber qual história você gosta, mas de entender qual história a criança precisa ouvir naquele momento. Algumas histórias ensinam lições, outras apenas divertem, mas todas têm algo a oferecer.

A história certa não é escolhida apenas com os olhos — é escolhida com escuta, empatia e intuição.

Barthônius pegou um livro de capa azul e abriu uma página. Ele começou a ler em voz baixa, com um sorriso nostálgico.

— As histórias têm o poder de transformar o ouvinte. E, por isso, devemos escolher com sabedoria. Pergunte-se sempre: Qual é o propósito dessa história para a criança que está ouvindo?

Davi refletiu sobre isso, percebendo que nem todas as histórias servem para todas as situações. Era preciso considerar a emoção, o aprendizado, e até o contexto da criança.

— Você tem razão — disse Davi, após um momento de silêncio. — A história certa pode mudar tudo.


🌟 Lição do Capítulo 9:

A escolha da história é fundamental. O contador de histórias deve conhecer o público e escolher narrativas que atendam às suas necessidades emocionais, pedagógicas ou divertidas. A história certa, no momento certo, tem o poder de transformar.



📖 Capítulo 10 – Contar com o Coração


Árvore frondosa e o sol se pondo.

O fim da jornada estava próximo, e Davi sentia uma mistura de emoção e gratidão. A cada novo ensinamento de Barthônius, ele se tornava mais seguro e mais apaixonado pela arte de contar histórias.

Na última tarde, eles se sentaram perto de uma grande árvore. O sol estava se pondo, criando uma luz dourada que banhava tudo ao redor.

Barthônius olhou para Davi com um sorriso tranquilo, quase como se soubesse que o momento de despedida estava chegando.

— Davi, você aprendeu muitas chaves. Agora, quero te ensinar a mais importante. A chave que não pode ser ensinada com palavras, mas apenas vivida. A chave do coração.

Davi ficou em silêncio, esperando.

Quando o coração conta, a alma escuta.

— A verdadeira magia de contar histórias vem de dentro. Não importa quantas técnicas você aprenda, se não colocar o seu coração na história, ela será apenas um conjunto de palavras. O contador de histórias deve contar com amor, com entrega. Apenas assim, você tocará o coração das crianças.

Davi fechou os olhos, sentindo o vento suave e ouvindo os últimos cantos dos pássaros. Ele entendeu, no fundo do seu ser, o que Barthônius queria dizer. O coração é a alma da história, e só quem ama verdadeiramente a arte pode transmiti-la com toda a sua força.

Barthônius colocou uma mão sobre o ombro de Davi.

— Agora você está pronto. Vá e conte ao mundo as histórias que vivem dentro de você.

E assim, com a última chave em mãos, Davi partiu, sabendo que sempre carregaria a verdade de suas histórias no coração.


🌟 Lição do Capítulo 10:

Contar histórias é um ato de amor. A verdadeira magia vem do coração do contador. Quando você conta com sinceridade e entrega, a história ganha vida e toca profundamente o ouvinte.



🌟 Conclusão – Agora é com você


Se você chegou até aqui, é porque algo dentro de você já sabia: contar histórias não é apenas falar — é tocar, transformar, iluminar.

Você percorreu os passos com Davi, ouviu as palavras de Barthônius e, mais importante, descobriu que os verdadeiros segredos da arte de contar histórias estão nas pequenas coisas: no olhar atento, no gesto gentil, no silêncio que antecede uma emoção, na pausa que deixa a imaginação respirar... e, sobretudo, no coração que se entrega.

Agora, os segredos não são mais segredos. Eles estão com você.

Use-os com amor. Com ousadia. Com escuta. Com verdade.

Não se preocupe em ser perfeito. As melhores histórias não são as impecáveis — são as sinceras. Aquelas que fazem os olhos das crianças brilharem, que despertam sorrisos, perguntas e silêncios cheios de significado.

Lembre-se: toda vez que você conta uma história com o coração, uma nova magia acontece. E o mundo, ainda que por alguns instantes, se torna um lugar mais encantado.

Vá. Conte. Encante.

A jornada está só começando.


Com gratidão,

Editores do Blog Educol


RESUMO DOS 3 VOLUMES

Capítulo

Título

Lição do Capítulo

Destaque

1

O Início de uma Jornada

O verdadeiro contador de histórias começa com um desejo sincero de tocar o coração do outro. Antes de qualquer técnica, vem a intenção.

Se você realmente deseja aprender, siga o som da fogueira que nunca se apaga.

2

A Primeira Lição – Como Cativar o Público

Toda história precisa de um começo que fisgue o coração. Seja com uma pergunta curiosa, um personagem fora do comum ou uma situação inesperada — os primeiros segundos são mágicos.

A atenção é mantida não com o que se diz, mas com o que se retém. Suspense é a arte de dosar a curiosidade.

3

A Magia do Suspense – Manter a Atenção

O suspense é como um fio invisível que liga o contador de histórias à curiosidade do ouvinte. Nunca revele tudo de uma vez. Espalhe pistas, crie perguntas e leve seu público a querer sempre “só mais um pedacinho”.

A atenção é mantida não com o que se diz, mas com o que se retém. Suspense é a arte de dosar a curiosidade.

4

A Porta que se Abre com a Voz

A voz do contador é um instrumento mágico. Ao variar o tom, o ritmo e as pausas, podemos transformar uma simples narrativa em uma experiência encantadora. Treinar a voz é essencial para cativar as crianças.

A voz não conta apenas histórias — ela as faz viver dentro de quem escuta.

5

O Poder das Imagens na Mente

As palavras têm o poder de criar imagens mentais. Ao usar descrições vívidas e comparações, podemos construir mundos dentro da mente das crianças. Treinar essa habilidade ajuda a tornar as histórias mais envolventes e memoráveis.

As palavras certas não dizem — elas desenham.

6

O Silêncio que Fala

O silêncio, quando usado com intenção, é uma poderosa ferramenta na arte de contar histórias. Ele cria suspense, destaca momentos importantes e dá espaço para a imaginação do ouvinte. Pausar no tempo certo é tão essencial quanto saber o que dizer.

O silêncio não é pausa — é presença. Quando bem usado, ele fala direto ao coração.

7

O Corpo Fala

O corpo é uma linguagem silenciosa que transmite emoções, intenções e atmosferas. O contador de histórias deve usar o olhar, os gestos e a postura para dar vida à narrativa. Contar é também mostrar.

O corpo é o espelho da alma da história — quando ele fala, a imaginação escuta.

8

O Tempo da Criança

Cada idade tem um ritmo único. O contador de histórias deve adaptar seu tempo e ritmo à faixa etária, sabendo quando acelerar e quando desacelerar, respeitando a capacidade de atenção e a absorção da criança.

Quem conta para crianças deve saber: não é o relógio que dita o tempo, é o coração de quem escuta.

9

A Escolha da História Certa

A escolha da história é fundamental. O contador de histórias deve conhecer o público e escolher narrativas que atendam às suas necessidades emocionais, pedagógicas ou divertidas. A história certa, no momento certo, tem o poder de transformar.

A história certa não é escolhida apenas com os olhos — é escolhida com escuta, empatia e intuição.

10

Contar com o Coração

Contar histórias é um ato de amor. A verdadeira magia vem do coração do contador. Quando você conta com sinceridade e entrega, a história ganha vida e toca profundamente o ouvinte.

Quando o coração conta, a alma escuta.


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